
Poucos caminhões no Brasil conquistaram tanta reputação quanto o Scania 113. Desde os anos 1990, ele se tornou um verdadeiro ícone das estradas, conhecido por unir potência, resistência e durabilidade.
Mesmo após mais de três décadas de sua chegada ao mercado nacional, ainda é considerado uma das melhores opções de compra no segmento de usados.
No entanto, quem deseja adquirir esse clássico precisa ter consciência de que não basta escolher qualquer unidade disponível.
Como se trata de um modelo com longa história, muitos já passaram por frotas de empresas, operações pesadas, reformas e até adaptações malfeitas. O segredo para transformar a compra em um bom investimento está em saber avaliar cada detalhe antes de assinar o contrato.
Este guia foi preparado exatamente para isso. Aqui você vai encontrar os 5 pontos essenciais que precisam ser analisados antes de comprar Scania 113 usado
Vamos falar sobre histórico de manutenção, condições do chassi, cabine, mecânica e custos de manutenção versus valorização de mercado.
Nos próximos blocos, você terá informações práticas, estratégias e um checklist que pode ser usado em qualquer inspeção. O objetivo é simples: garantir que a sua compra seja segura, rentável e que o caminhão continue entregando o desempenho que fez do Scania 113 uma lenda.

O legado do Scania 113 no mercado brasileiro
Antes de entrar nos pontos práticos da compra, é importante entender por que o Scania 113 continua sendo um dos modelos mais desejados mesmo depois de tanto tempo.
Confiabilidade comprovada
O Scania 113 foi desenvolvido em uma época em que a prioridade era criar caminhões robustos, capazes de enfrentar longas jornadas sem depender de eletrônica embarcada complexa. Seu motor de 11 litros, com versões que chegavam a 360 cavalos de potência, é lembrado até hoje pela resistência e pela capacidade de rodar mais de 1 milhão de quilômetros com a manutenção correta.
Disponibilidade de peças
Outro fator que mantém o modelo vivo no mercado é a ampla oferta de peças. Seja em concessionárias oficiais, fornecedores independentes ou mesmo em ferro-velhos, encontrar componentes do Scania 113 é relativamente simples. Isso reduz custos e garante que a manutenção possa ser feita rapidamente, sem longas paradas.
Liquidez e valorização
Enquanto muitos caminhões usados enfrentam forte desvalorização, o 113 mantém liquidez. Isso significa que, mesmo após anos de uso, é possível revendê-lo sem grandes dificuldades. Transportadores autônomos buscam o modelo pela confiabilidade, enquanto empresas agrícolas e transportadoras valorizam sua força para aplicações pesadas.
1. Histórico de manutenção: o DNA do Scania 113
Um caminhão é como um organismo vivo: cada revisão, troca de peça ou reparo realizado ao longo da sua vida compõe seu histórico e define a confiabilidade que ele ainda pode oferecer. No caso do Scania 113, isso é ainda mais relevante, pois estamos falando de um modelo que já ultrapassou três décadas de circulação. Por isso, o primeiro ponto a ser avaliado antes de comprar é o histórico de manutenção.
Por que o histórico é tão importante?
A mecânica do Scania 113 é conhecida pela robustez, mas nenhum caminhão é indestrutível. Se a manutenção preventiva foi negligenciada, é bem provável que você encontre desgastes graves no motor, no câmbio ou no diferencial. E, nesses casos, o barato pode sair caro: uma retífica de motor, por exemplo, pode custar entre R$ 20.000 e R$ 30.000, inviabilizando o negócio.
Um veículo com revisões bem documentadas transmite confiança e reduz o risco de surpresas desagradáveis. É como comprar não apenas o caminhão em si, mas a garantia de que ele recebeu os cuidados adequados ao longo do tempo.
O que analisar no histórico de um Scania 113
- Notas fiscais de serviços e revisões: um caminhão que passou por oficinas credenciadas ou especializadas tende a estar em melhores condições.
- Registro de retífica de motor: entenda se já foi feita, quando e em quais circunstâncias. Uma retífica bem feita pode ser positiva, mas uma mal executada é um alerta vermelho.
- Troca de componentes críticos: bombas injetoras, turbos e embreagem são peças caras e devem estar registradas.
- Intervalos de troca de óleo e filtros: manutenções feitas fora do prazo comprometem seriamente a durabilidade do motor.
- Reformas estruturais: descubra se o veículo já passou por grandes reparos após acidentes ou falhas no chassi.
Dicas práticas para checar a veracidade
- Converse com o dono anterior: entender como o caminhão foi usado (rodovias, mineração, transporte agrícola) ajuda a prever o desgaste.
- Peça laudos técnicos: muitas oficinas oferecem relatórios detalhados sobre motor, câmbio e diferencial.
- Exija documentação: se o vendedor não apresenta notas ou registros, considere isso um sinal de alerta.
Impacto direto no valor de compra
Um Scania 113 com histórico bem cuidado pode custar um pouco mais, mas certamente compensará em economia de manutenção e segurança. Já um veículo sem registros claros pode até parecer uma oportunidade pelo preço mais baixo, mas tende a se transformar em um passivo cheio de imprevistos.
2. Chassi e estrutura: a espinha dorsal do Scania 113
O chassi é o esqueleto de um caminhão. É nele que toda a força do motor, o peso da carga e os impactos da estrada se concentram. Por isso, ao avaliar um Scania 113 usado, o chassi deve ser analisado com a mesma atenção que se dá ao motor. Uma estrutura comprometida pode transformar qualquer negócio em uma péssima decisão.
Por que o chassi merece atenção especial?
O Scania 113, especialmente nas versões HW (Heavy Work), foi projetado para suportar cargas pesadas e operações severas em estradas rurais, portos e até ambientes de mineração. Isso significa que muitas unidades já foram submetidas a situações de alto desgaste. Com o tempo, é comum que o chassi apresente:
- Trincas ou rachaduras em pontos de maior esforço.
- Soldas ou remendos feitos de forma incorreta, que fragilizam a estrutura.
- Desalinhamentos que comprometem a dirigibilidade e causam desgaste irregular de pneus.
- Corrosão, especialmente em veículos que rodaram em regiões úmidas ou costeiras.
Um problema no chassi não é apenas estético: ele afeta diretamente a segurança e pode gerar custos de reparo tão altos que inviabilizam o investimento.
Como inspecionar o chassi de um Scania 113
- Verificação visual: observe com atenção as longarinas, travessas e áreas próximas às suspensões.
- Checagem de soldas: analise se há soldas recentes; reparos improvisados podem indicar fragilidade.
- Alinhamento: um chassi torto pode ser identificado pelo desgaste desigual dos pneus ou pela direção desalinhada.
- Ferrugem e corrosão: em estágios avançados, podem exigir substituição de peças inteiras.
- Histórico de tombamento ou colisão: caminhões acidentados geralmente apresentam danos ocultos na estrutura.
Custo médio de reparos estruturais
Dependendo do dano, o custo de reparo de um chassi pode variar:
- Pequenas soldas corretivas: R$ 3.000 a R$ 5.000.
- Correção de desalinhamento: R$ 7.000 a R$ 12.000.
- Substituição parcial de longarinas: acima de R$ 20.000.
Em alguns casos, a recuperação é tão complexa que o caminhão se torna inviável economicamente.
Dica prática
Se você não tem experiência técnica, leve o caminhão a uma oficina especializada em alinhamento e estrutura antes da compra. Uma avaliação profissional custa pouco comparado ao risco de descobrir problemas graves depois de fechar o negócio.
3. Cabine e conforto: mais do que aparência, um fator de valorização
Ao avaliar um caminhão usado, muitos compradores concentram sua atenção no motor e no chassi. Embora esses sejam pontos cruciais, a cabine também desempenha um papel determinante, tanto na experiência do motorista quanto no valor de revenda.
No Scania 113, a cabine se tornou um dos diferenciais que ajudaram a consolidar a reputação do modelo. Quem passa longos períodos nas estradas sabe: conforto, ergonomia e estado de conservação fazem toda a diferença.
Tipos de cabine no Scania 113
- Cabine padrão: mais compacta, voltada para operações em rotas curtas e médias.
- Top Line: versão estendida e elevada, com espaço extra, cama mais confortável e acabamentos diferenciados, ideal para viagens longas.
Essa diferença impacta diretamente no perfil de comprador: autônomos geralmente preferem o Top Line, enquanto transportadoras priorizam a cabine padrão pela praticidade e custo mais baixo.
Pontos a inspecionar na cabine
- Estofamento e bancos: rasgos, espuma deteriorada e falta de ergonomia elevam custos de reforma.
- Painel e comandos: trincas, botões quebrados ou sistemas elétricos inoperantes são sinais de desgaste.
- Sistema de climatização: ar-condicionado e aquecimento são fundamentais em rotas longas; falhas podem custar caro para reparar.
- Cama: especialmente no Top Line, o estado da cama reflete a preservação do caminhão.
- Vedação e ruídos: portas e janelas mal vedadas aumentam o desgaste do motorista e reduzem o valor percebido do veículo.
Impacto na valorização de mercado
Um Scania 113 com cabine bem conservada pode valer até 15% a mais do que modelos semelhantes em más condições. Isso acontece porque o comprador percebe não só o estado físico, mas também o cuidado geral com o veículo. Afinal, se a cabine está preservada, é provável que o restante também tenha recebido atenção.
Custos médios de reforma de cabine
- Revestimento e bancos: R$ 4.000 a R$ 7.000.
- Painel completo: R$ 3.000 a R$ 6.000.
- Instalação ou reparo do ar-condicionado: R$ 5.000 a R$ 8.000.
- Reforma geral com pintura e ajustes: pode superar R$ 15.000.
Ou seja, negligenciar a inspeção da cabine pode transformar uma compra aparentemente barata em um investimento muito mais caro.
4. Mecânica e componentes principais: o coração do Scania 113
Se o chassi é a espinha dorsal, a mecânica é o coração do caminhão. Ao avaliar um Scania 113 usado, é nesse ponto que mora a maior parte dos riscos — e também das oportunidades de negócio. O modelo ganhou fama justamente pela confiabilidade mecânica, mas qualquer veículo com mais de duas décadas de estrada precisa de uma inspeção detalhada para garantir que ainda pode entregar performance e economia.
Pontos críticos do motor
O motor do Scania 113 é um dos mais robustos já produzidos pela marca. Ainda assim, falhas podem se acumular com o tempo.
- Fumaça: observe a cor da fumaça no escape. Azul indica queima de óleo, preta sugere má combustão e branca aponta problemas de compressão.
- Ruídos metálicos: podem sinalizar desgaste em pistões ou bielas.
- Consumo de óleo: um motor em boas condições não deve exigir reposição frequente.
- Vazamentos: óleo ou água em excesso são sinais de problemas graves.
Transmissão e câmbio
- Engates firmes: a alavanca deve trocar marchas sem arranhões excessivos.
- Sincronizadores: desgaste provoca dificuldade para engatar.
- Custo de reparo: uma revisão simples custa cerca de R$ 5.000; uma troca completa pode chegar a R$ 18.000.
Diferencial e eixos
- Ruídos em curvas: podem indicar desgaste de engrenagens.
- Folgas excessivas: afetam dirigibilidade e aumentam risco de quebra.
- Custo médio de reparo: entre R$ 10.000 e R$ 15.000.
Sistema de freios
- Inspeção de lonas e tambores: relativamente baratos de trocar.
- Compressor de ar: falhas podem gerar paradas inesperadas e custar até R$ 8.000.
- Freio motor: deve funcionar corretamente para reduzir desgaste em descidas.
Suspensão
- Molas e buchas: desgastadas, afetam estabilidade e aumentam vibração.
- Amortecedores: falhas comprometem o conforto e a segurança.
Custos médios de reparos mecânicos
- Retífica de motor: R$ 20.000 a R$ 30.000.
- Troca de câmbio: R$ 12.000 a R$ 18.000.
- Diferencial: até R$ 15.000.
- Revisão completa de freios: R$ 6.000 a R$ 8.000.
Dica prática
Nunca feche negócio sem levar o caminhão para uma avaliação técnica em oficina especializada. Muitos problemas não aparecem em testes rápidos de estrada, mas são identificados facilmente em inspeções profissionais com scanner e medição de compressão.
5. Custos de manutenção e valorização de mercado
Comprar um caminhão usado não é apenas pagar pelo veículo: é assumir a responsabilidade de mantê-lo em operação, com segurança e rentabilidade. No caso do Scania 113, entender os custos médios de manutenção e como o mercado enxerga o modelo é fundamental para calcular o verdadeiro custo-benefício.
Custos de manutenção preventiva
O Scania 113 é famoso pela simplicidade mecânica, o que facilita a manutenção preventiva. Ainda assim, alguns custos precisam ser considerados anualmente:
- Troca de óleo e filtros: entre R$ 4.000 e R$ 6.000 por ano.
- Revisões periódicas em freios e suspensão: R$ 6.000 a R$ 10.000.
- Troca parcial de pneus (6×2): entre R$ 10.000 e R$ 15.000.
- Peças de desgaste natural (correias, mangueiras, rolamentos): R$ 5.000 a R$ 8.000.
Em média, o custo de manutenção preventiva anual gira entre R$ 30.000 e R$ 40.000, dependendo da operação.
Custos de manutenção corretiva
É aqui que mora o maior risco para quem compra sem avaliar corretamente. Em caso de falhas graves, os custos podem subir rapidamente:
- Retífica de motor: R$ 20.000 a R$ 30.000.
- Câmbio completo: R$ 12.000 a R$ 18.000.
- Diferencial: até R$ 15.000.
- Sistema de ar-condicionado (Top Line): entre R$ 5.000 e R$ 8.000.
Um caminhão com problemas estruturais ou mecânicos pode consumir até R$ 60.000 em um único ano de uso.
Liquidez e valorização de mercado
Apesar dos custos, o Scania 113 ainda tem um dos melhores índices de liquidez entre caminhões usados. Isso significa que, se você decidir revender, dificilmente ficará com o veículo parado por muito tempo.
- Autônomos: buscam o 113 pelo preço acessível e pela tradição de confiabilidade.
- Transportadoras: valorizam o modelo HW em operações agrícolas e de carga pesada.
- Colecionadores e entusiastas: estão dispostos a pagar mais por unidades Top Line bem preservadas.
Na prática, o Scania 113 é um dos poucos caminhões usados que não sofrem desvalorização brusca, e em alguns casos, quando bem conservados, até aumentam de valor devido à demanda.
Custo-benefício final
Ao comparar com caminhões modernos, o Scania 113 perde em consumo de combustível e tecnologia embarcada. Mas o preço de aquisição mais baixo e a simplicidade da manutenção compensam, tornando-o uma escolha estratégica para quem busca um veículo de entrada no transporte rodoviário.
Checklist final: 5 pontos para avaliar antes de comprar um Scania 113 usado
Para não esquecer nada na hora da inspeção, use este checklist como guia prático:
- Histórico de manutenção: verifique notas fiscais, retíficas de motor, trocas de peças críticas e intervalos de revisão.
- Chassi e estrutura: inspecione soldas, trincas, corrosão e alinhamento.
- Cabine e conforto: analise estofados, painel, cama, sistemas elétricos e ar-condicionado.
- Mecânica: avalie motor, câmbio, diferencial, freios e suspensão em oficina especializada.
- Custos e valorização: calcule despesas anuais de manutenção e confira a liquidez do modelo no mercado da sua região.
Seguindo esses cinco pontos, você aumenta suas chances de transformar a compra em um investimento seguro, evitando surpresas desagradáveis.
Perguntas frequentes sobre compra do Scania 113 usado
1. O Scania 113 ainda vale a pena em 2025?
Sim. É um dos modelos usados mais confiáveis, com manutenção acessível, ampla disponibilidade de peças e boa liquidez de mercado.
2. Qual versão é mais indicada: Top Line ou HW?
O Top Line é ideal para quem valoriza conforto em viagens longas, enquanto o HW (Heavy Work) foi projetado para operações mais severas, em ambientes de alto desgaste.
3. Quanto custa em média manter um Scania 113 por ano?
Os custos médios variam entre R$ 40.000 e R$ 60.000 anuais, sem incluir combustível e impostos.
4. Quais são os reparos mais caros?
Retífica de motor, câmbio e diferencial estão entre os reparos mais caros, podendo somar mais de R$ 60.000 em casos extremos.
5. É fácil encontrar peças para o Scania 113 hoje?
Sim. Por ser um dos caminhões mais populares, há ampla oferta de peças originais e paralelas em todo o Brasil.
6. Como saber se o caminhão já sofreu acidentes graves?
Observe o chassi, verifique soldas recentes e investigue histórico de tombamento ou sinistro em documentos e oficinas credenciadas.
7. Qual é a diferença de consumo em relação a modelos novos?
O Scania 113 tende a consumir cerca de 5% a 10% mais combustível do que caminhões modernos, mas compensa com preço de compra mais baixo.
8. É indicado para motoristas autônomos?
Sim, especialmente para quem está começando no transporte rodoviário e busca um veículo de entrada confiável e com manutenção acessível.
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